Hoje vi a lua iluminar o mar como se quisesse tornar a noite tão clara quanto o dia, incompreendida tentava me fazer entender que o tempo não é submisso ao cotidiano.
A imagem registrada em minha mente é das mais exuberantes, no entanto, não consigo parar de me preocupar com a hora em que estarei dormindo e descansando para uma semana cheia de metas, cobranças, desafios e horários a cumprir.
Qualquer pessoa com a alma livre arrancaria a bermuda e o tênis da corrida e corria para o mar de sensações e sentido, banhado pela luz daquela lua "cheinha" que, bela em sí, despida-se das nuvens para me fazer companhia.
Não sou livre! Voltei para casa fazendo cálculos de tempo para uma "vida" igual a tantas outras. De segunda a sexta, tenho 24 horas diárias e nada mais. Passo 7h dormindo, 10h e 20m trabalhando, 1h malhando, 40m alimentando o corpo (sem mastigar os alimentos 32 vezes para uma boa digestão), 1h e 30m dentro do ônibus depois de 1h na parada esperando, 30m de deslocamento entre um lugar e outro, finalmente, jogo 40m fora administrando minha vida virtual, talvez a única chance de me relacionar na real.
Agora mesmo, sou tomado por uma vontade imensa de escrever [para entender] sobre essa vida que escolho nas escolhas que faço, mas não posso me permitir invadir o dia que já não me pertence, pois está preso ao cotidiano, as horas... não ao tempo. E são distintos.
Essas horas que ganho e gasto em reais... o tempo que perco por não parar, não olhar além.
Perguntei-me então: a lua não se cansa de ir e vir com hora marcada para substituir o sol enquanto ele descansa? Não. Ela prefere mudar sempre, se deixa moldar pelas fases e se torna capaz de surpreender, desafiando o tempo e tornando-o eterno. Um dia eu aprendo.
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